segunda-feira, 19 de outubro de 2009

De cama e música à leitura de partitura!

Por Alline Nunes Andrade













As atividades do último sábado (17/10/09) no Arte foram iniciadas com a seguinte pergunta feita aos alunos: “Qual é o lugar que a música ocupa na vida de cada um de vocês? Pensando, por exemplo, no seu quarto, qual é o lugar que a cama ocupa? É a maior parte do espaço do quarto ou a cama não fica tão central assim, como se fosse um colchonete que, após ser usado, é imediatamente guardado?”




1. Pensando na analogia entre cama e música, a primeira coisa que podemos destacar é se a cama é composta por um colchão disposto em um móvel permanente no quarto ou se se trata de um colchonete fino, dobrável que, durante o dia, fica escondidinho em algum canto. Sendo uma cama propriamente dita, ela está lá, não dá para escondê-la.

2. Sendo mesmo uma cama tradicional, o espaço ocupado por ela é certamente grande; sua utilização fica restrita à cama, isso sem falar quando colocamos sapatos ou caixas embaixo dela, ou até mesmo uma cama auxiliar. Do contrário, se a pessoa quiser usar aquele espaço para um jogo, por exemplo, ela teria que tirar a cama do quarto, teria que liberar aquele espaço, considerando um quarto pequeno. Os alunos do Arte tirariam a cama do quarto para se divertirem com algum tipo de jogo? Eles responderam que não, que se o desejo fosse jogar algum jogo, bastava a pessoa ir para outro lugar, procurar um espaço apropriado para isso.

3. E, por fim, mas não menos importante, qual seria a preferência de cada um? Diariamente, descansar em uma cama ou em um colchonete? “Em uma cama!” foi a resposta unânime. E óbvia, é claro. Dormir em um colchonete é até uma diversão se isso for esporádico, mas não é assim que funciona se esse movimento for realizado todos os dias... Adquirimos dores na coluna, mal estar, não dormimos direito... Uma tragédia.

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Voltando, então, à pergunta: “Qual é o lugar que a música ocupa na vida de cada um de vocês?”, acrescentamos a seguinte: “Ela ocupa o lugar de uma cama ou de um colchonete?”

Os integrantes do Arte entenderam e não titubearam: a música ocupa um lugar central em suas vidas. É relevante. E é algo por que vale a pena se dedicar.

Foi assim que conversamos sobre a importância de mantermos o desejo de sermos realmente bons naquilo que fazemos. E, uma vez escolhida a música como objeto de paixão e como forma de se sentir realizado, faz sentido se dedicar a um estudo mais formal da música.

Perguntamos, em seguida, “o que vocês acham de realizarmos aulas de leitura de música? Vocês já se imaginaram lendo uma partitura?”. A resposta não poderia ter sido mais gratificante. Não houve quem dissesse o contrário: seria o máximo ler uma partitura!

Com essa consulta, planejamos as estratégias de implantação de uma oficina de leitura de música, na qual a musicografia Braille será coadjuvante. Sim, coadjuvante! Alunos que têm e os que não têm deficiência visual estarão juntos nesse processo. E o melhor é que os professores do Arte sem Limites darão início a um estudo do Sistema Braille e, posteriormente, da musicografia Braille, para que implantemos mais essa atividade. Tudo isso com a anuência dos alunos. Eles concordaram com essa ideia: vamos todos aprender juntos!

Daí novas perguntas podem surgir, mas talvez a principal delas seja: por que isso não foi implantado antes, já que o Arte existe há quatro anos?

Simplesmente porque hoje o Arte está mais maduro, mais coeso e as relações são estabelecidas entre pares, entre pessoas que se respeitam mutuamente e que sabem que cada um tem um papel relevante no sucesso deste projeto. Antes, por faltar essa identidade, não daria para implantar essa oficina. Não mesmo!

Deixaremos de lado os recursos de áudio? De forma alguma. Não somos favoráveis a um recurso apenas. Afinal, somos um projeto inclusivo e, assim sendo, estamos dispostos a interagir com a maior diversidade possível. Possível porque a cada dia vamos aprendendo um pouquinho mais e nos tornando mais aptos a lidar com novas diferenças.

Agora é torcer e trabalhar muito! O desafio já está sendo grande!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

"Deu um branco no Cantares 2009! 'Y otras cositas más!"

Por Alline Nunes Andrade




Carlos Alexandre e o "Arte sem Limites" cantam "É preciso saber viver!" no Cantares 2009. Foto: Rita de Cássia Ferreira da Silva.



Deu um branco!

Essa sensação de ter esquecido todo o repertório é incrível! Foi assim em nossa participação no Cantares 2009, pelo menos comigo. Com os outros integrantes do Arte, nem tanto...

Foi no dia 09/10/09, às 20h, no Teatro Universitário da UFES. Antes de abrirem as cortinas, o branco já estava lá, impiedoso! Eis que chega o feliz momento de encarar a plateia, observar a regência da Hellem, deixar se levar pela melodia e, é claro, soltar a voz, que era o que todos estavam esperando. Desse jeito, não tem "branco" que resista...

Começamos a cantar ao som do pandeiro de Mafriedy Dutra e do teclado com Fabíola Bortolozzo que, juntos, tocaram "Vejo Flores em Você!", de E. Scadurra, adaptada por Hellem Pimentel. Em seguida, entoamos o "Hino da Vitória", de Eduardo Santos.

Então, José Carlos abriu mão de seu posto no náipe dos baixos, apenas momentaneamente, e caminhou ao centro do palco, ao som do back vocal cantado pelo coral que anunciava a melodia de "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso (http://www.youtube.com/watch?v=gMzpe9ynijA).

Os versos de Vinícius de Moraes, em "Soneto de Fidelidade", foram recitados por José Carlos que acabou se emocionando... não teve jeito, ficou sem voz por alguns segundos... A plateia compreendeu que não era esquecimento, não era despreparo... (Imagine o que é recitar uma poesia que começa com "De tudo ao meu amor serei atento...". Os versos assumem outro significado quando recitamos para uma plateia sedenta como aquela... Plateia e coral se tornaram cúmplices de imediato!)

Antes mesmo que José Carlos retornasse ao seu posto, Hellem ergueu sua batuta imaginária, o que fez com que cantássemos a bela "Aquarela do Brasil", com arranjos de Alain Pierre. Foi a nossa completa declaração de amor a um país pelo qual ainda vale a pena cantar.

Por fim, ou melhor, "semifim", se me permitirem, Cora Coralina se fez presente por meio de Eliane Cândido e Ingrid Araújo que recitaram "Aninha e suas pedras", convidando os presentes a recriarem suas vidas, continuamente...

Afinal, "É preciso saber viver!", como dizem Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Carlos Alexandre brilhou ao cantar essa música, cujos arranjos e adaptação são de Hellem Pimentel. A plateia cantou junto, bateu palmas, assobiou e pediu "Mais um!".

Por essa a gente não esperava... não mesmo! Vou confessar: não tínhamos preparado um bis! Sabíamos que a programação estava repleta de talentos que viriam depois de nós e não podíamos ir além do tempo reservado ao "Arte sem Limites".

O que fazer?

Agradecemos ao público e, em seguida, Bruno Fonseca se posicionou ao centro do palco para encerrar a nossa participação com "Oh! Happy Day!". Bem... Preciso dizer mais alguma coisa?!

Nos bastidores, após a apresentação, tinham novatos do coral meio tontos sem acreditar muito no que aconteceu... Afinal, é bom partilhar esses momentos, sermos aplaudidos por "mãos anônimas", por pessoas de quem alguns de nós só percebeu a silhueta... Que, de fato, os aplausos sejam merecidos!



É o que veremos na próxima apresentação.