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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Das lições que a vida de Hana ensina

Foto: Hana e Alline


Desde que Hana entrou em nossas vidas, eu venho me perguntando: "Por que será que ela tinha que viver essa condição de deficiência física?". Eu queria entender o que um cachorro tinha a aprender com os desafios que essa condição trazia para ela. Acabei percebendo que o aprendizado não é dela, mas de seus cuidadores.

Ontem à noite, 25/05/11, Hana passou pela primeira luxação de uma das patas traseiras. Sinceramente, eu nunca vi um cachorro chorar tanto... Esse comportamento vindo de uma Akita que praticamente não se incomoda com nada era realmente assustador. Tive que colocar a pata dela de volta, tentando, ao mesmo tempo, conter o meu desespero e consolar a pobre Hana.

Ao chegar na clínica, constatamos que Hana está com previsíveis – porém indesejáveis – 9kg. Esse pode ter sido o primeiro fator a cooperar para que ela nos desse tão grande susto, além, é claro, do seu quadro ortopédico complexo. A veterinária que a atendeu ressaltou algo importante: essa é a primeira de muitas luxações.

Hana foi medicada, teve a patinha imobilizada e voltou para casa, meio sem norte, meio sem jeito, tendo que se adaptar àquela nova condição: repouso total e absoluto aos 4 meses de pura energia!

Foto: Hana com patinha imobilizada

Hoje cedo voltei a cismar com aquela dúvida insistente: qual é o aprendizado nisso tudo?

A cada mês, tenho consciência do quanto o quadro ortopédico de Hana é difícil. As radiografias têm mostrado isso...

Sem considerar Hana uma filha - decerto que nossas espécies são totalmente diferentes -, eu comecei a imaginar as dificuldades e angústias dos pais no momento de cuidarem e apostarem em seus filhos diferentes.

O quanto deve ser desanimador para esses pais encontrar um especialista que olha para o seu filho e faz uma previsão cinzenta de chuvas e tempestades para os dias que virão.

O quanto deve ser doloroso olhar para o filho e enxergar nele mais uma criança que, por isso mesmo, quer mais é brincar, correr e viver como as outras crianças, sem que alguém fique preocupado com as conseqüências desastrosas que esse jeito natural de ser pode trazer.

O quanto deve ser desesperador você saber que seu filho precisa de inúmeros recursos para ter uma vida melhor, mas não encontra muitas alternativas que propiciam o acesso a esses recursos. Isso não apenas na área da saúde, mas na educação e na cultura, diga-se de passagem.

E o quanto é consolador encontrar profissionais que te deixam clara a condição do seu filho, mas que não te permitem desanimar, fazendo você entender que, embora seu filho tenha uma condição especial, com algumas adaptações e aquilo que eu chamaria de “correção do ponto de vista”, podemos pintar um quadro um pouco mais primaveril dos dias cinzentos que virão.

As profissionais que acompanham Hana em Vitória são umas das pessoas que mais nos dão força no cuidado com Hana. A Dra. Flávia faz com que o momento tão delicado de tirar RX seja uma festa; a Dra. Larissa fica atenta ao processo fisioterapêutico de Hana, de forma sempre carinhosa e gentil; a Dra Mariá é zelosa, responsável e otimista com o quadro clínico da nossa mascote.

Eu não sou profissional veterinária... mas lido com gente muito especial. E, pensando nas marcas positivas que essas profissionais têm deixado na família do Arte desde que Hana se tornou parte dela, é alguma marca positiva (na verdade, inúmeras delas) que eu desejo que a equipe do Arte deixe nos pais e familiares dos nossos alunos.

Que desafio, não é mesmo, equipe?

Cordialmente, 

Alline Andrade
Coordenação Arte sem Limites