terça-feira, 30 de março de 2010

"Pano pra manga II: Antes e Depois"





Vocês devem se lembrar de um texto publicado aqui no Blog sob o título “Pano pra manga I: O que é poesia?”. Naquela ocasião, eu compartilhava com vocês a definição que os alunos da oficina de Poesia do “Arte sem Limites” apresentaram sobre o nosso objeto de estudo (poesia). Não só de estudo, mas também de contemplação.



Eu prometi dar sequência a esse assunto. Como promessa é dívida, vamos ao que interessa. Com vocês, “Pano pra Manga II: Antes e Depois”.


Antes, lembremos um pouco como essa história começou. Perguntamos aos alunos de poesia como eles definiam a poesia. Também quisemos saber o que eles pensavam a respeito da poesia, antes e depois de integrarem esta oficina.


Quanto à definição, demos destaque, em “Pano pra manga I”, à fala de uma jovem aluna que considera a poesia “uma boa maneira de se aprender algo mais na vida”. Lembramos ainda de outra jovem que associa a poesia tanto aos seus sentimentos quanto ao seu “amadurecimento em relação aos objetivos e modo de ver as coisas”. Outros alunos consideraram que a “poesia permeia a vida”, que é uma “verdadeira expressão dos sentimentos”, “que deveria ser como o iodo” presente no sal, portanto vital.


A inspiração desses alunos ao responder nosso despretensioso questionário não parou na primeira pergunta... Surpreendemo-nos com as respostas às perguntas “antes de participar da oficina, o que você pensava a respeito de poesia?” e “hoje, como você se sente em relação à poesia?”.

Vejam... Essas são perguntas que nos remetem a pensar no tempo, tão complexa dimensão. Podemos falar em tempo chronos, relativo à sequência de eventos, uns antecedendo outros... Mas também podemos nos referir a tempo kairos, que fala de um momento oportuno em que algo especial acontece.


Assim, nas perguntas sobre o antes e o depois, inevitavelmente pensamos na sequência de eventos, mas também somos meio que tomados pela onda de lembranças dos tantos momentos oportunos em que um entendimento especial, algo que não se explica bem, invade as oficinas de poesia.


Para alguns alunos, antigos admiradores de poesia, não houve mudança abrupta, para outros a transformação íntima foi crucial. Para todos, o resultado foi enriquecedor.


Uma aluna diz: “eu sempre gostei desse tipo de texto, porque já tinha certo conhecimento do mesmo”. Em relação a como ela se sente hoje, ela reconhece que “com as nossas aulas, meu conhecimento e minha compreensão dos textos poéticos aumentaram. Sinto que tive uma melhora na recitação por estar exercitando esta atividade”.


No mesmo grupo de admiradores antigos, está um jovem que sempre viu poesia como uma coisa sagrada, uma coisa que revira a alma, inquieta, futuca a mediocridade humana. Sempre intuí isso. Hoje, nas oficinas, esse sentimento ficou mais forte, principalmente após declamar ‘Soneto de Fidelidade’ chorando. Logo eu que pareço tão controlado. Mas não me envergonho disso. A poesia é uma força da natureza em ebulição e eu apenas mais um, digamos, ‘humano’”.


Em contrapartida, para quem notamos uma mudança abrupta, a poesia era vista como uma “brincadeira, que era só pegar o papel, ler e sair falando. Pensava que era a coisa mais ‘infantil’ que existia”. Para essa jovem, a poesia foi capaz de influenciar a sua maneira de levar a vida. Em suas palavras, “hoje em dia eu me sinto uma pessoa mais de bem com a vida, a poesia me trouxe outro olhar em relação a sentimentos, a ter minha própria opinião e a escutar os outros também, mas principalmente a como agir”.


Outra jovem apresenta uma ideia parecida a respeito de como ela concebia poesia, que diz: achava que eram apenas versos que rimavam porque era isso que eu entendia sobre a poesia. Hoje eu me sinto bem melhor porque descobri que não são apenas versos que rimam. Para mim, tudo o que aprendo aqui eu levo para o meu dia a dia e tenho a paz. Isso é muito bom para mim.”


Vamos combinar que para nós que não tínhamos grandes aspirações em relação à Oficina de Poesia, no momento de sua implantação, receber essas revelações faz com que esses momentos (tanto durante as aulas de poesia quanto agora em que apenas rememoramos) sejam kairos, sejam especiais. Não se trata, portanto, apenas de chronos, que envolve uma atividade continuada, uma certa causalidade em relação ao melhor fazer. Mas trata-se também de kairos.


Enfim... Falta muito mais a dizer... Falta mencionar a maneira como essa atividade é trabalhada. Quanto a isso, decidiremos (eu e os alunos) se cabe postar no Blog ou se essas informações serão deixadas para compor o conteúdo de nosso “Manual das Melhores Práticas” (o manual é o meio que encontramos para registrar o método de trabalho do Arte. Ele está quase pronto!). Vocês também podem opinar, nos ajudando a decidir, tudo bem?


Para encerrar, aquela jovem que disse sentir-se em paz com a poesia em sua vida, ainda quis dizer mais, em resposta à pergunta “Você deseja falar algo mais que não foi perguntado? O quê? Por quê?”. Eis sua resposta:


“Sim, como me senti em uma apresentação. Porque, para mim, esse é o melhor momento. Depois de todo o trabalho, eu senti que estou preparada para mostrar tudo isso para o público. A responsabilidade de vestir a camisa e representar esta oficina me deixa um pouco nervosa, mas quando penso no poeta e o que os versos que rimam querem dizer, me sinto tranquila e segura do que vou fazer. Foi aí que eu descobri que a arte de viver é realmente sem limites”.


...


Até mais!



Alline Nunes Andrade
Coordenação Geral – Arte sem Limites
Responsável pela oficina de Poesia

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