segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A simpatia virou amor...


Imagem: “Memphis”, de Trish Grantham
Foram 34 sábados...

Realizadas 34 aulas...
Que geraram calos nos dedos mais ansiosos por apreender os acordes do violão...
Ou os tremores incontidos nas mãos daqueles que tentaram coordenar acordes no teclado.

Há quem se lembre ainda das tantas tentativas de recitar com emoções diferentes, as vozes falhando, às vezes acertando, declamando os corações dos outros...

E as gincanas? As competições de brincadeira, na tentativa de acertar uma pergunta meio capciosa sobre música, sobre músicos e estilos? E o que dizer da expressão de contentamento ao entender um pouco sobre o estilo clássico, sobre o samba com suas letras engraçadas, sobre a poesia de Chico Buarque e Paulinho da Viola, o Rock n’ Roll apresentado por Juca Magalhães, o chorinho trazido por José Benedito?

Já a cantoria requer afinação... E afinação, meus amigos, não é coisa tão simples assim... Exige regência, coordenação, saber e sabor pelo que se faz... Sim, tivemos a ansiedade, os tremores, os temores... Tivemos a brincadeira, a surpresa, o sentimento de saber bem mais.

E tivemos a afinação em um coral dividido a quatro vozes, regido por uma batuta sonora, se é que podemos dizer assim. Porque batuta tradicional não é muito útil por aqui... mas a batuta criada pela nossa regente, ah... essa é de outra característica. Requer ritmo, domínio, som...

Tivemos também apresentações importantes... Seis, ao todo.

Festa da Penha...
Congresso de Gestalt-Terapia...
10º Cantares...
Confraternização do Sincades e Instituto Sincades...
Dia V, realizado pela Vale...
Inauguração da Árvore de Natal da Rede Gazeta, EDP Escelsa e Prefeitura Municipal de Vitória.

Quanto aos aplausos... Perdemos a conta!
De uma coisa sabemos: para os aplausos acontecerem, a simpatia é essencial... o resto é consequência de tudo o que falamos até agora...
Já que demos uma pitada de simpatia na equação, vejamos o que diz Casimiro de Abreu:

“Simpatia - meu anjinho,
É o canto do passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'Agôsto,
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é - quase amor!”

E como simpatia é quase amor, creio que o amor anima os fatores da seguinte equação:

“34 aulas e ensaios + 5 professores + 8 e tantos outros parceiros voluntários + 30 alunos + incontáveis aplausos = +++”.

O resultado é sempre positivo, em virtude da equação... Porém, ele é sempre incógnito, sempre nos surpreende positivamente, é claro... E se eu não estiver enganada quanto aos cálculos de 2009, o saldo só pode ser o desejo imenso de dar continuidade ao Arte!!

Se preparem, alunos da poesia! “Que é simpatia”, de Casimiro de Abreu, fará parte do repertório de 2010.

Meditem, descansem, tirem as suas merecidas férias! Teremos muito trabalho pela frente!

Alline Nunes Andrade
Coordenação Geral ASL

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Manhã Feliz... Noite Feliz!


Foto: Almir Neto


Que o conceito de felicidade é muito pessoal, não há como negar... Mas podemos reconhecer algo que valha a pena para boa parte das pessoas: contemplação do belo, harmonia de vozes em um belo coral, surpresa e contentamento provocados por quem menos se espera...

Foi assim no início desta semana...

Era um domingo, pela manhã.... 06/12/09! Dia V organizado pela Vale que mobilizou mais de 5 mil voluntário no Peru, em Moçambique e no Brasil. Fomos convidados a apresentar a nossa música na Choupana da AERT. Que bela acústica! Cantamos sem auxílio de microfones e a harmonia foi tamanha! Estava quente, não havia um público muito grande... mas ficamos todos felizes... Aquele era o local e o momento certo!

Dois dias depois, em 08/12/09, foi inaugurada a Árvore de Natal da Rede Gazeta. Estivemos lá na Praça dos Namorados, apreciando essa árvore. Ela - a árvore - tinha 20 m de altura e foi composta por uma estrutura transparente que será preenchida por bolas coloridas depositadas por visitantes da Praça dos Namorados.  Esses desejos serão escritos nas bolas, simbolizando o que cada um aspira na vida. O resultado disso é uma árvore que agrega os sonhos de todos. E, por ser transparente, esses "sonhos" ficam visíveis a todos que passarem pela Praça, até o dia 06/01/10.

Após a abertura do evento, o coral "Arte sem Limites" fez mais uma participação especial, ao som de "É preciso saber viver", com o solista Carlos Alexandre, "Um feliz natal", "Noite feliz" e "Happy Day". A última música contou com a participação do solista mirim Bruno Fonseca e o querido amigo Manoel Peçanha Nascimento. E, ainda, apreciamos a declamação de poesias de Thiago de Mello e Mario Quintana entre uma música e outra.
O resultado desta apresentação você pode conferir assistindo ao video da inauguração da Árvore de Natal da Rede Gazeta, transmitido pelo Bom dia ES de 08/12/09. Basta clicar no link abaixo:

http://wm.globo.com/webmedia/windows.asx?usuario=gazetaes&tipo=ondemand&path=/tvgazeta/bomdiaes_091209_05.wmv&ext.asx


Para saber mais sobre o Dia V:
http://voluntariosvale.org.br/blogs/65825/posts/5555

Para saber mais sobre a Árvore de Natal da Rede Gazeta:
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2009/12/574144-rede+gazeta+inaugura+rvore+de+natal+da+praca+dos+namorados.html

domingo, 15 de novembro de 2009

Mãos à massa!

Texto: Alline Nunes Andrade

Não é aula de culinária, nem nada que se relacione a isso. É claro que fazemos o nosso lanchinho nesse curto período em que temos para nos dedicarmos aos estudos. Conversamos, trocamos dúvidas e... colocamos a mão na massa!

Demos início ao grupo de estudos em Musicografia Braille. Para isso, a equipe de profissionais do ASL participa de atividades que envolvem a compreensão do Sistema Braille, seus conceitos e combinações de pontos.

Depois das reflexões iniciais sobre o Sistema, fomos ao quadro que, por coincidência, é quadriculado, facilitando a reprodução das celas Braille.

 
Foto: Profª Suellen escreve uma palavra em Braille na lousa.



É claro que a escrita à tinta é totalmente diferente da escrita em Braille. Como a leitura em Braille é feita em relevo, da esquerda para a direita, é importante termos a noção espelhada da palavra no momento de grafarmos... bem ao sabor das brincadeiras de criança quando escrevem as palavras de trás para frente.

Brincadeiras à parte, embora nosso momento de estudos seja cheio de descontração, estamos levando o Sistema Braille bem a sério. Compreender como funciona o mecanismo de escrita em Braille só seria possível fazendo. Então, a segunda tarefa de nossos estudos foi escrever os nossos próprios nomes usando uma reglete (equipamento usado para a escrita Braille).

Bem dizia Adélia Prado que “O que a memória ama fica eterno”. Então, por que não converter o próprio nome, que nós já amamos, para o Sistema Braille? Nada poderia ser mais pessoal do que isso.

Estamos felizes com as descobertas... A escrita de trás pra frente, a “borracha” que apaga os erros em relevo, os nossos nomes a serem lidos pelos dedos...

Que venham os próximos encontros de estudos!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

De cama e música à leitura de partitura!

Por Alline Nunes Andrade













As atividades do último sábado (17/10/09) no Arte foram iniciadas com a seguinte pergunta feita aos alunos: “Qual é o lugar que a música ocupa na vida de cada um de vocês? Pensando, por exemplo, no seu quarto, qual é o lugar que a cama ocupa? É a maior parte do espaço do quarto ou a cama não fica tão central assim, como se fosse um colchonete que, após ser usado, é imediatamente guardado?”




1. Pensando na analogia entre cama e música, a primeira coisa que podemos destacar é se a cama é composta por um colchão disposto em um móvel permanente no quarto ou se se trata de um colchonete fino, dobrável que, durante o dia, fica escondidinho em algum canto. Sendo uma cama propriamente dita, ela está lá, não dá para escondê-la.

2. Sendo mesmo uma cama tradicional, o espaço ocupado por ela é certamente grande; sua utilização fica restrita à cama, isso sem falar quando colocamos sapatos ou caixas embaixo dela, ou até mesmo uma cama auxiliar. Do contrário, se a pessoa quiser usar aquele espaço para um jogo, por exemplo, ela teria que tirar a cama do quarto, teria que liberar aquele espaço, considerando um quarto pequeno. Os alunos do Arte tirariam a cama do quarto para se divertirem com algum tipo de jogo? Eles responderam que não, que se o desejo fosse jogar algum jogo, bastava a pessoa ir para outro lugar, procurar um espaço apropriado para isso.

3. E, por fim, mas não menos importante, qual seria a preferência de cada um? Diariamente, descansar em uma cama ou em um colchonete? “Em uma cama!” foi a resposta unânime. E óbvia, é claro. Dormir em um colchonete é até uma diversão se isso for esporádico, mas não é assim que funciona se esse movimento for realizado todos os dias... Adquirimos dores na coluna, mal estar, não dormimos direito... Uma tragédia.

****

Voltando, então, à pergunta: “Qual é o lugar que a música ocupa na vida de cada um de vocês?”, acrescentamos a seguinte: “Ela ocupa o lugar de uma cama ou de um colchonete?”

Os integrantes do Arte entenderam e não titubearam: a música ocupa um lugar central em suas vidas. É relevante. E é algo por que vale a pena se dedicar.

Foi assim que conversamos sobre a importância de mantermos o desejo de sermos realmente bons naquilo que fazemos. E, uma vez escolhida a música como objeto de paixão e como forma de se sentir realizado, faz sentido se dedicar a um estudo mais formal da música.

Perguntamos, em seguida, “o que vocês acham de realizarmos aulas de leitura de música? Vocês já se imaginaram lendo uma partitura?”. A resposta não poderia ter sido mais gratificante. Não houve quem dissesse o contrário: seria o máximo ler uma partitura!

Com essa consulta, planejamos as estratégias de implantação de uma oficina de leitura de música, na qual a musicografia Braille será coadjuvante. Sim, coadjuvante! Alunos que têm e os que não têm deficiência visual estarão juntos nesse processo. E o melhor é que os professores do Arte sem Limites darão início a um estudo do Sistema Braille e, posteriormente, da musicografia Braille, para que implantemos mais essa atividade. Tudo isso com a anuência dos alunos. Eles concordaram com essa ideia: vamos todos aprender juntos!

Daí novas perguntas podem surgir, mas talvez a principal delas seja: por que isso não foi implantado antes, já que o Arte existe há quatro anos?

Simplesmente porque hoje o Arte está mais maduro, mais coeso e as relações são estabelecidas entre pares, entre pessoas que se respeitam mutuamente e que sabem que cada um tem um papel relevante no sucesso deste projeto. Antes, por faltar essa identidade, não daria para implantar essa oficina. Não mesmo!

Deixaremos de lado os recursos de áudio? De forma alguma. Não somos favoráveis a um recurso apenas. Afinal, somos um projeto inclusivo e, assim sendo, estamos dispostos a interagir com a maior diversidade possível. Possível porque a cada dia vamos aprendendo um pouquinho mais e nos tornando mais aptos a lidar com novas diferenças.

Agora é torcer e trabalhar muito! O desafio já está sendo grande!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

"Deu um branco no Cantares 2009! 'Y otras cositas más!"

Por Alline Nunes Andrade




Carlos Alexandre e o "Arte sem Limites" cantam "É preciso saber viver!" no Cantares 2009. Foto: Rita de Cássia Ferreira da Silva.



Deu um branco!

Essa sensação de ter esquecido todo o repertório é incrível! Foi assim em nossa participação no Cantares 2009, pelo menos comigo. Com os outros integrantes do Arte, nem tanto...

Foi no dia 09/10/09, às 20h, no Teatro Universitário da UFES. Antes de abrirem as cortinas, o branco já estava lá, impiedoso! Eis que chega o feliz momento de encarar a plateia, observar a regência da Hellem, deixar se levar pela melodia e, é claro, soltar a voz, que era o que todos estavam esperando. Desse jeito, não tem "branco" que resista...

Começamos a cantar ao som do pandeiro de Mafriedy Dutra e do teclado com Fabíola Bortolozzo que, juntos, tocaram "Vejo Flores em Você!", de E. Scadurra, adaptada por Hellem Pimentel. Em seguida, entoamos o "Hino da Vitória", de Eduardo Santos.

Então, José Carlos abriu mão de seu posto no náipe dos baixos, apenas momentaneamente, e caminhou ao centro do palco, ao som do back vocal cantado pelo coral que anunciava a melodia de "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso (http://www.youtube.com/watch?v=gMzpe9ynijA).

Os versos de Vinícius de Moraes, em "Soneto de Fidelidade", foram recitados por José Carlos que acabou se emocionando... não teve jeito, ficou sem voz por alguns segundos... A plateia compreendeu que não era esquecimento, não era despreparo... (Imagine o que é recitar uma poesia que começa com "De tudo ao meu amor serei atento...". Os versos assumem outro significado quando recitamos para uma plateia sedenta como aquela... Plateia e coral se tornaram cúmplices de imediato!)

Antes mesmo que José Carlos retornasse ao seu posto, Hellem ergueu sua batuta imaginária, o que fez com que cantássemos a bela "Aquarela do Brasil", com arranjos de Alain Pierre. Foi a nossa completa declaração de amor a um país pelo qual ainda vale a pena cantar.

Por fim, ou melhor, "semifim", se me permitirem, Cora Coralina se fez presente por meio de Eliane Cândido e Ingrid Araújo que recitaram "Aninha e suas pedras", convidando os presentes a recriarem suas vidas, continuamente...

Afinal, "É preciso saber viver!", como dizem Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Carlos Alexandre brilhou ao cantar essa música, cujos arranjos e adaptação são de Hellem Pimentel. A plateia cantou junto, bateu palmas, assobiou e pediu "Mais um!".

Por essa a gente não esperava... não mesmo! Vou confessar: não tínhamos preparado um bis! Sabíamos que a programação estava repleta de talentos que viriam depois de nós e não podíamos ir além do tempo reservado ao "Arte sem Limites".

O que fazer?

Agradecemos ao público e, em seguida, Bruno Fonseca se posicionou ao centro do palco para encerrar a nossa participação com "Oh! Happy Day!". Bem... Preciso dizer mais alguma coisa?!

Nos bastidores, após a apresentação, tinham novatos do coral meio tontos sem acreditar muito no que aconteceu... Afinal, é bom partilhar esses momentos, sermos aplaudidos por "mãos anônimas", por pessoas de quem alguns de nós só percebeu a silhueta... Que, de fato, os aplausos sejam merecidos!



É o que veremos na próxima apresentação.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Essa plateia merece um “Bravo!”

Por Alline Nunes Andrade



Vibrante!

Essa foi a sensação ao cantarmos no IX Congresso e XII Encontro Nacional Gestalt-Terapia, realizado no Centro de Convenções de Vitória, em 19/09/09.

Apresentamos músicas do nosso repertório, como “É preciso saber viver!” e “Vejo flores em você!”. Também tivemos a oportunidade de apresentar um belo arranjo do Tema da Vitória, música que era comumente executada nas saudosas manhãs de domingo, quando o nosso querido Ayrton Senna fazia a alegria de todos os brasileiros pelas tantas vezes em que foi campeão ao redor do mundo.






Poesias foram recitadas entre uma música e outra...



“Oh! Happy Day!” cativou a todos os presentes com o pequeno solista Bruno. Mas o melhor mesmo foi a vibração da plateia!
“Mais um, mais um!!!”

E, para o nosso deleite, cantamos novamente...
E foram tantos aplausos calorosos....
Tantos assobios estridentes...
Sorrisos e algumas lágrimas discretas de alegria...

“E as pessoas pensam que quem tem deficiência não possui talento... que quem tem deficiência deveria ficar em casa assistindo TV!” – confessou-me, em particular, uma entusiasta que aplaudia na plateia.

“Quem canta, os males espanta!” E espanta mesmo. Espanta os males do desânimo, do preconceito, do comodismo...

Que vivamos outros tantos momentos como esse!

Bravo! Aquela plateia merece um “Bravo!”

sábado, 15 de agosto de 2009

Pano pra manga I: O que é poesia?





"A poesia é tudo aquilo que passa em estado de pureza e sem alteração do coração para as palavras." (Jacob Grimm)





Ah, a poesia!... Uma hora só dela.
Sábado, uma das primeiras atividades de estudo da manhã.
(Curioso pensar em estudo quando se fala em poesia...)
Do que falamos? Com quem falamos?
Falamos com pessoas para quem poesia é uma novidade, uma reminiscência, algo a ser descoberto, algo a ser lembrado.

Nesse grupo de estudo e sentimento, reúnem-se pessoas comuns.
Umas que vêm, outras que vão e voltam, e ainda aquelas que estão sempre ali...
Duas meninas-adolescentes-melhores-amigas.
Uma mulher-poetisa.
Dois rapazes-cativos-da-poesia.
(Curioso pensar em alguém “cativo-da-poesia”! Nada como ser cativo de algo que liberta!)


O que é poesia para essas pessoas?


A menina-adolescente-loira, melhor-amiga da menina-adolescente-morena diz:
“poesia para mim é uma arte. Porque é nela que aprendi a entender sentimentos, como me expressar e a falar de uma forma que todos entendam. É uma boa maneira de se aprender algo mais na vida. Poesia é também trabalhar a mente”.

A sua melhor-amiga, aquela menina-morena de quem eu falei há pouco, considera:
“poesia para mim é crescimento, porque através dela eu conheço muitos poetas, histórias e meu sentimento desenvolve através da meditação da poesia. Não só o meu sentimento, mas meu amadurecimento em relação aos objetivos e modo de ver as coisas”.


(Curioso como para nossas meninas-adolescentes-melhores-amigas a poesia se reveste de plano de vida, um olhar para o futuro, projeções de si num tempo vindouro... projeções que passam por compreensão dos sentimentos, por meditação...)


E o que diz a mulher poetisa?
Que poesia é a verdadeira expressão dos sentimentos, é também a forma como o autor vê o mundo/vida e da sua experiência no mesmo”.
Ser quem eu sou perpassa aquilo que faço e dá sentido (ou não) à vida. Então, como seria possível o poeta se esconder em sua poesia? Ele é a própria poesia...

E o que dizem os rapazes-cativos-da-poesia?
Para um deles “... a poesia permeia a vida; é como uma linda embalagem que envolve este presente tão valioso e frágil, que é a vida. Sem poesia viver seria insuportável, e mesmo com esse ‘monstro’ da vida moderna (?), lá está ela, ‘a poesia’, presente em nosso cotidiano em coisas simples, até porque ela traveste-se de simplicidade naturalmente. Para resumir, vejo poesia como religião, nosso elo com Deus. É possível viver sem Deus?”


O outro "cativo-da-poesia" destaca:
“Poesia para mim é vida, é sonho, é arte. É você brincar com as palavras. É você expressar o seu sentimento, o seu amor, carinho. É você tentar ir além das palavras. É um meio de se expressar na sociedade. Poesia é cultura. Poesia é jornalismo. É um meio de comunicação. Poesia deveria ser como o iodo está presente no sal. É algo vital. É uma coisa necessária para a vida. Sem a poesia, as pessoas podem não conseguir os seus objetivos. A poesia é inerente, como o ar que respiramos. Ela é necessária para saber viver, saber falar. A poesia tem feito eu pensar de maneira diferente.”


Sabe?
Fico pensando se o que falta em pessoas com a pretensão de estarem desconectadas da arte não seria essa disposição em “desembrulhar” a vida com a cautela de quem pretende guardar o papel colorido e a fita delicada do presente para outros momentos...
Volto, portanto, ao primeiro ponto curioso desse texto...

Estudar poesia.
Estudar remete ao sabor do saber, àquela sensação intransferível de prazer quando descobrimos alguma coisa até então impensada...
A solução pode estar no entendimento do que representam as palavras meticulosamente colocadas em uma poesia e na permissão à vazão dos sentimentos que vem delas...
A poesia é sentimento, é trabalhar a mente, é ver o mundo com os olhos do outro e de si, é o papel de seda e o laço de fita que envolvem a vida.
E os outros pontos curiosos desse texto?
Tomara que tenham ficado claros ou, pelo menos, sentidos...

E eu ainda nem apresentei as outras respostas que tive desses alunos "personagens" sobre a poesia...
Isso é pano para outras mangas...

Alline Nunes Andrade.


(Texto elaborado com base em respostas obtidas dos alunos da oficina de poesia, no Projeto “Arte sem Limites”, sobre questões referentes a conceitos, sentimentos e metodologia de ensino da poesia.)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

"A flauta e o especial talento de José"

"Durante a minha graduação na UnB, tive a influência direta de Odette Ernest Dias. Ela costumava dizer aos alunos que "música não importa se é erudita ou música popular, é música". Então sempre trabalhei essas duas vertentes da música. Pensei que seria interessante conciliar uma coisa com a outra, então fiz uma pesquisa em duas obras: Bachianas Brasileiras Nº 6, de Villa-Lobos, e a Sonatina em Ré Maior para Flauta e Piano, de Radamés Gnatalli. São obras de caráter erudito e acadêmico, em que os dois compositores trabalharam elementos musicais do choro. Porque, antes de qualquer coisa, eles eram amigos. Eu fico imaginando o Rio de Janeiro na década de 50, todo mundo conversando: Pixinguinha, Radamés, Villa-Lobos. Eles saiam, tocavam juntos, participavam de rodas de choro. Radamés e Villa-Lobos usaram esses elementos do choro, da música dita popular, na obra deles. Minha pesquisa foi justamente para entender como é que a música do Pixinguinha contribuiu dessa forma para a música erudita e porque para o flautista é importante conhecer essas duas vertentes da música."

José Benedito participa do ASL desde a implantação do projeto. Atualmente, o flautista é responsável pela oficina "Apreciação Musical", que acontece todos os sábados, de 9h30 às 10h20, no Centro Musical do Colégio Leonardo da Vinci, onde as atividades do ASL acontecem.



Leia na íntegra a entrevista concedida pelo flautista José Benedito à jornalista Ana Claudia Mielki, na edição nº 18, do jornal brasiliense "Ìrohìn" acessando ao link: http://www.irohin.org.br/imp/template.php?edition=18&id=47

Participação do ASL no Cantares 2008






O Arte sem Limites (ASL) participou do Cantares 2008, realizado no Teatro Universitário da UFES, emocionando a todos os presentes. Um dos pontos altos da apresentação foi a interpretação da música "Oh! Happy Day!" pelo solista mirim Bruno Fonseca. Essa música tem feito parte do repertório do ASL desde o início de sua trajetória e tornou-se o hino do grupo. Não há como não se emocionar!

A participação do ASL no Cantares 2008 pode ser conferida no link: http://www.youtube.com/watch?v=QuoDUcj6Q1s

domingo, 24 de maio de 2009

O que acontece no ASL?

Este projeto acontece semanalmente, nas instalações do Centro Musical do Leonardo Da Vinci, nas manhãs de sábado, de 8h às 12h. As atividades realizadas são:


8h às 9h40: oficina de teclado, violão, sopros (flauta doce) e animação quadro a quadro (stop motion);
9h40 às 10h30: teoria musical;
10h30 às 11h: intervalo para o lanche e interação social
11h às 12h: canto coral


As oficinas de teclado e violão são realizadas, respectivamente, pelos professores Suellen Peroni e Juliano Zamprogno. A oficina de sopros, com implantação do estudo da flauta doce, será iniciada em 2011 com a atuação voluntária do músico Ubirajara Neto.

Recital de Teclado - Gabrielle e profª Suelen Peroni


Nessas oficinas, os professores desenvolvem atividades específicas para o aprendizado dos instrumentos, uma vez que, entre os alunos, contamos com pessoas com deficiência visual, o que implica em novas formas de promoção da aprendizagem. Além disso, os conceitos trabalhados na oficina de Teoria Musical deverão ser consideradas no conteúdo programático das aulas de instrumentos, de modo a promover integração entre os conhecimentos trabalhados.



Recital de Violão - Jean (E), Sara, Jonas e o prof. Juliano Zamprogno


A oficina de poesia, realizada por Alline Andrade, estimula a interpretação de textos elaborados por poetas brasileiros e sua aplicação no cotidiano, bem como o estudo sobre a biografia desses autores, desenvolvimento da sensibilidade e habilidade de expressão.



Carol e Jerdes recitam "Mãos Dadas", de Carlos Drummond de Andrade

A oficina de animação quadro a quadro (stop motion) é realizada desde agosto de 2010 com a atuação voluntária de Ana Carolina Poubel e Andreia Cristina Carvalho. Stop motion é um termo da língua inglesa que significa movimento parado. É uma técnica de animação quadro a quadro que consiste na combinação sequencial de um conjunto de fotos que, quando alinhadas, geram a ilusão de movimento. A oficina conta com a participação de alunos com e sem deficiência e estimula o desenvolvimento da sensibilidade, noção de forma, espaço e cores, entre outras habilidades artísticas.


As atividades que envolvem todo o grupo de alunos são as de teoria musical e canto coral. Na teoria musical, os professores de música se revesam a fim de trabalhar com os alunos conceitos musicais necessário ao reconhecimento, leitura e grafia musical. Essa oficina teve, como precursor, o  músico José Benedito que, durante 2008 e 2009, realizou atividades de apreciação musical, nas quais os alunos eram estimulados a acessar conhecimentos culturais que não eram favorecidos pela mídia, bem como não faziam parte do cotidiano dos alunos. Atividades como aprender a ouvir música de orquestra, bem como de estilos musicais diversos, compreender e identificar instrumentos musicais incomuns aos alunos, conhecer a biografia de grandes compositores da música no Brasil e no mundo e refletir sobre como os fatos sociais interferem na produção intelectual e artística foram uma preparação ao trabalho com Teoria Musical. A oficina de Teoria Musical foi implantada em 2010 com o intuito de trabalhar noções de percepção rítmica e melódica e símbolos de notação musical. Para esta oficina, tem sido necessária a produção de material adaptado ao ensino da música, bem como o estudo de Musicografia Braille.



No canto coral, regido pela maestrina Hellem Pimentel e, a partir de 2011, pelo pianista Marcos Andrade, os alunos integram os conhecimentos desenvolvidos nas oficinas de teclado, violão, sopros, poesia e stop motion, compartilhando, dessa forma, sua evolução em cada área de atuação, aprendem a utilizar a respiração em favor do canto, desenvolvem ritmo, identificam melodias e aprendem a afinar suas próprias vozes, separadas por diferentes naipes (soprano, contralto, tenor, baixo). Além desses elementos, as atividades em conjunto estimulam a tomada de consciência do próprio corpo quanto ao uso do palco, estabelecimento de contato com o público, expressão corporal e projeção de voz.



É muito bom ser ASL. Venha passar uma manhã de sábado conosco!



Alline Andrade
Coordenação Geral - ASL

Quem é o ARTE?



O “Arte Sem Limites” (ARTE) é um empreendimento social que utiliza a arte como instrumento de inclusão sociocultural de jovens e adultos com e sem deficiência, idealizado por músicos e profissionais da Sociedade Artística e Cultural Phylarmonia e por membros da Oscip G7-DV. Na ocasião, havia o interesse em promover inclusão sócio-cultural por meio de conhecimento artístico e musical, tendo sido implantado em 2005, em parceria com o Centro Educacional Leonardo Da Vinci.

Na implantação, o ARTE era gerenciado pela Phylarmonia, situação mantida até os dias atuais. A Phylarmonia é responsável pelo planejamento pedagógico, artístico e cultural, incluindo a contratação de profissionais, seleção de estagiários e/ou voluntários, e convite de profissionais da área artística para realização de eventos educacionais; pelo agendamento de apresentações, realização das oficinas de violão, teclado e poesia, atualização cadastral dos alunos, orientação às famílias e contato com fornecedores e parceiros. À Phylarmonia compete, ainda, a responsabilidade por recolher e pagar, quando houver, todos os tributos, encargos, impostos, contribuições sociais e outras obrigações advindas das relações profissionais em prol do projeto.

A Oscip G7-DV atuou na implantação encaminhando pessoas interessadas em participar do ARTE, bem como orientando quanto à promoção de acessibilidade às pessoas com deficiência visual.

O Centro Educacional Leonardo Da Vinci abriu suas portas, cedendo o espaço físico, os instrumentos musicais e o lanche, para que o ARTE pudesse iniciar suas atividades. O Leonardo Da Vinci mantém o referido apoio, bem como patrocina as atividades do ARTE desde julho de 2008, consolidando ainda mais essa parceria. A partir de 2010, ampliamos a rede de parceiros... São muito bem vindas as parcerias estabelecidas com o Instituto Sincades, a Unimed Vitória e o Bandes! Desejamos que surjam muito mais belos frutos!


Atualmente, o ARTE conta com a participação de cerca de 30 alunos, dentre as quais se encontram pessoas com deficiências diversas, familiares e amigos, que recebem através das atividades deste projeto estímulos para o seu desenvolvimento cultural e social, além do incentivo às relações interpessoais entre todos os envolvidos. Contamos ainda com o empenho de 5 profissionais contratados e 5 voluntários atuando nas atividades semanais.



Venha conhecer o ARTE! Você vai se encantar!


Alline Andrade
Coordenação Geral - ASL